Contents
- 1 O termo Impacto Fêmoro Acetabular (I.F.A.) refere-se a uma alteração do formato e do funcionamento biomecânico do quadril. Nesta situação, ocorre um contato anormal entre o fêmur e o acetábulo.
- 2 Existem basicamente três tipos de impacto: Cam , Pincer e Misto.
- 3 Quais são os sintomas do impacto fêmoro-acetabular?
- 4 Como diagnosticar o impacto fêmoro-acetabular ou a lesão labral?
- 5 Como é o tratamento para o impacto fêmoro-acetabular?
O termo Impacto Fêmoro Acetabular (I.F.A.) refere-se a uma alteração do formato e do funcionamento biomecânico do quadril. Nesta situação, ocorre um contato anormal entre o fêmur e o acetábulo.
Estas alterações morfológicas- quando associadas à outros fatores – podem levar a uma lesão do labrum acetabular ou da cartilagem de revestimento.
O labrum é uma fibrocartilagem situada na periferia da articulação do quadril e tem papel fundamental para o bom funcionamento desta. Veja um exemplo na figura abaixo:
Esta patologia tem sido cada vez mais diagnosticada e estudada. É mais comum principalmente em corredores e praticantes de esportes que envolvem flexão e rotação dos quadris, como no tênis, futebol e artes marciais. Mas não ocorre exclusivamente em atletas.
As lesões do labrum acetabular podem ocorrer abruptamente em decorrência de trauma, como após uma luxação de quadril, por exemplo, ou lentamente, através do desgaste e rompimento de suas fibras devido ao trauma de repetição das atividades de impacto.
A lesão labral decorrente do IFA é considerada evolutiva e possivelmente pré artrósica, ou seja, pode causar a longo prazo uma deterioração da cartilagem.
O tratamento é decidido caso-a-caso e pode envolver fisioterapia, modificações de atividade física ou cirurgia artroscópica (por vídeo).
Existem basicamente três tipos de impacto: Cam , Pincer e Misto.
O impacto tipo Cam ocorre secundariamente à alteração na transição entre o colo e a cabeça do fêmur. Existe uma espécie de “lombada” na região que colide contra a margem da articulação em determinados movimentos. Este impacto leva a lesão labral e mais tarde ao descolamento da cartilagem do acetábulo.
Esta deformidade geralmente surge durante a adolescência em decorrência de um pequeno escorregamento na cartilagem de crescimento da cabeça femoral (chamado epifisiólise), que pode ser totalmente assintomático em alguns casos, gerando sintomas somente anos ou décadas após seu estabelecimento.
No impacto do tipo Pincer a alteração está no lado acetabular. Normalmente há um excesso de cobertura ou um “erro de rotação” na pelve. Ocorre impacto da margem do acetábulo diretamente no colo femoral. Ocorre na evolução uma lesão labral que pode calcificar-se (aumentando ainda mais o excesso de cobertura) e uma lesão cartilaginosa secundária.
O impacto do tipo Misto é o mais comum. Está presente em 80% dos casos de impacto e reúne algumas características dos dois anteriores (Cam e Pincer) em graus variados.
Veja os tipos de impacto na figura abaixo:
Quais são os sintomas do impacto fêmoro-acetabular?
Geralmente os primeiros sintomas são falseios, fisgadas ou travamentos no quadril. Estes sintomas podem surgir em movimentos como entrar e sair do carro, ao levantar-se da cama, ao calçar sapatos, etc.
Pode haver desconforto também após ficar muito tempo sentado. A dor localiza-se mais freqüentemente na parte profunda na frente da virilha, na “raiz da coxa”. A figura acima ilustra a região mais apontada como origem da dor. Ela se localiza profundamente, no “encontro” dos dedos.
Normalmente estas fisgadas são auto-limitadas e a pessoa com o tempo consegue identificar e evitar as posições que causam a dor. Pode haver também sensação de clique ou estalido local.
Como diagnosticar o impacto fêmoro-acetabular ou a lesão labral?
Através da consulta médica e do exame físico colhemos dados que permitem chegar a uma suspeita da existência destas lesões.
Geralmente solicitamos alguns exames complementares que permitem confirmar o diagnóstico e estadiar a lesão. De acordo com a avaliação inicial podem ser indicadas radiografias, ressonância ou artroressonância (com injeção de contraste articular) ou tomografia com reconstrução 3D para diagnóstico e planejamento de tratamento.
Via de regra o quadro clínico é bem característico, mas outras patologias (de outros sistemas) também podem causar dor inguinal. Em alguns casos o diagnóstico pode não ser tão evidente e podem ser necessários outros exames e avaliações com especialistas de outras áreas.
Como é o tratamento para o impacto fêmoro-acetabular?
Inicialmente pode ser indicada mudança de atividade física ou fisioterapia. Embora a grande parte dos casos sinta alguma melhora com a suspensão das atividades físicas mais vigorosas, a maioria dos estudos recentes têm mostrado vantagens na correção artroscópica, principalmente em jovens.
Neste caso, aborda-se a lesão anatômica do labrum e corrigem-se as deformidades ósseas que ocasionaram a lesão.
Abaixo, veja imagens do tratamento artroscópico.
A indicação para o tratamento é bastante individualizada. Depende de vários fatores, entre eles a localização e gravidade das lesões, nível de atividade pretendido pelo paciente, presença ou não de lesões de cartilagem, etc.
O tratamento destas lesões iniciou-se com cirurgia convencional, aberta. Nas últimas décadas houve uma grande evolução da cirurgia artroscópica (por vídeo) no tratamento destas lesões.
Hoje podemos tratar esta patologia cirurgicamente usando incisões de cerca de um centímetro cada, ressecando ou reparando as lesões encontradas através de pequenas cânulas e uma micro-câmera de vídeo.
Cada caso deve ser analisado em detalhes pois a artroscopia apresenta algumas limitações técnicas. Sem dúvida alguns casos de anatomia mais complexa ainda são melhor tratados pela técnica cirúrgica convencional. Cada técnica tem a sua melhor indicação.
Obviamente toda cirurgia apresenta riscos. Os prós e contras devem ser ponderados e esclarecidos junto ao cirurgião antes de se tomar qualquer decisão sobre o tratamento.
Após a cirurgia é necessário o uso de muletas por duas a seis semanas, de acordo com a gravidade da lesão e com os procedimentos realizados durante a cirurgia. Um programa bem feito de reabilitação fisioterápica é fundamental. Estatisticamente, até 80% dos pacientes conseguem voltar à mesma demanda esportiva de antes da lesão.
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